Justiça aceita denúncia do MP e torna réus políticos que se reuniram com miliciano Tandera

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Outras 14 pessoas também foram denunciadas por organização criminosa e outros crimes. Investigações do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado do MP e da 48ª DP revelaram que criminoso fez proposta em troca de apoio a quatro políticos.

O juiz Richard Robert Fairclough , da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, aceitou a denúncia do Ministério Público, com base nas investigações do Gaeco e da 48ª DP (Seropédica) por organização criminosa – além de outros crimes- , contra homens que compõem a milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, e ainda os políticos que se reunião com o miliciano em troca de apoio.
“Recebo a denúncia contra Thaianna Cristina Barbosa dos Santos, vulgo “Dra. Thay”, Luciano Henrique Pereira, vulgo “Luciano da Rede Construir”; e Cornélio Ribeiro, “Cornélio”. Citem-se os réus constitua defensor ou declare o desejo de ser assistido pela defensoria Pública, apresentando resposta à acusação no prazo legal de 10 dias”, determinou o magistrado.
De acordo com o Gaeco, o encontro aconteceu em abril de 2020, antes das eleições daquele ano, e tinha por objetivo negociar apoio das regiões comandadas por Tandera em troca de vantagens como secretarias e licitações, caso alguns dos presentes fossem eleitos.
Um quarto pré-candidato participou da reunião, mas não foi denunciado pelo MP.
As gravações, que embasaram a denúncia do Ministério Público, foram feitas pelo miliciano e seu bando para possíveis chantagens posteriores.
Nas imagens, é possível ver sempre os pré-candidatos em primeiro plano e, em dado momento, Tandera chega a perguntar se teria problema colocar seu fuzil sobre a mesa do encontro.
“Se incomodam?”, questiona.
Candidatos presentes ao encontro e denunciados pelo MP
Reprodução
‘Poder é a caneta’
Todos respondem que “não” em uníssono, demonstrando “medo e respeito” por Tandera, de acordo com o documento elaborado pelo MP.
Em outro momento do encontro, Tandera volta a fazer menção à arma, mas enaltece o poder dos convidados.
“Isso aí [em referência ao fuzil] é pra guardar a minha vida, guardar a vida de vocês, guardar a vida do morador. Guardar a vida até de quem vai contra. Mas o potencial mesmo está aí: a caneta!”.
Em outro trecho, o miliciano dá a entender que poderia fazer exigências, mas que prefere negociar:
“Eu poderia muito bem chegar aqui e falar assim: eu quero 50 fuzil (sic) de cada município! Eu poderia chegar aqui ó, eu quero R$ 5 milhões de cada município. Impossível de se negociar assim, ta me entendendo?…”, diz.
Na sequência, esclarece o que quer:
“Aqui você vai estar confortável, vai estar protegido. Em compensação, depois que vocês assumirem, eu vou querer alguma vantagem. A gente tem que ter o direito a uma licitação. A gente tem que ter o direito a alguma secretaria. Tá me entendendo? Aí as coisas andam, aí a gente faz um elo”, propõe o miliciano.
Grupo chegando em carros de luxo para a reunião com o miliciano
Reprodução
Nem Thay, nem Luciano – que chegaram a concorrer às eleições de 2020 – , se elegeu: ambos terminaram na terceira posição das eleições municipais.
Saiba quem é Thay Magalhães, denunciada por negociar apoio político com miliciano
Cornelio, Luciano e Thaiana foram denunciados pelo Ministério Público por negociar com a milícia de Tandera e foram alvos de busca e apreensão no dia 3 de maio.
Além deles, outras 14 pessoas foram denunciadas – todas são integrantes da milícia.
Rainha de bateria
Além de candidata e dentista, Thaianna também tem outra ocupação: foi rainha de bateria da Paraíso da Tuiuti em 2022 e madrinha de bateria da Acadêmicos de Niterói em 2023.
Usando o nome artístico de Thay Magalhães, ela se envolveu em uma polêmica com a então princesa da bateria da Tuiuti, Mayara Lima. Thay deixou o posto de rainha de bateria logo após o carnaval de 2022.

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