Linhas de ônibus voltam a circular no Rio, mas passageiros reclamam de demora e superlotação

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Sucateamento da frota é objeto de mais de 200 ações coletivas movidas pelo Ministério Público do Rio. Secretaria Municipal de Transportes diz que fiscaliza os ônibus nas ruas e nas garagens e que autua as empresas em caso de irregularidades. Linhas de ônibus voltam a circular, mas passageiros reclamam de demora
Um ano depois do acordo entre Prefeitura do Rio e empresas de ônibus para a volta de 71 linhas, os passageiros ainda reclamam da demora e superlotação dos ônibus.
A Secretaria Municipal de Transportes diz que a frota aumentou 7% — o que representa mais de 200 veículos em operação. Mas o passageiro, que depende do transporte todos os dias, reclama do serviço.
O RJ2 foi atrás de algumas linhas que voltaram a circular logo no primeiro dia do acordo. A equipe começou por Sepetiba, na Zona Oeste, região que sempre sofreu com a precariedade do transporte público.
A linha 871 faz o trajeto Pingo D´Água-Cesarão, via Sepetiba.
“Melhorou um pouco, mas o intervalo, às vezes de manhã, é grande demais”, diz uma passageira.
“Os ônibus estão sempre lotados. Não tem ônibus maiores. Então, a gente continua na dificuldade”, fala outra.
Uma das regiões com maior demanda da cidade é atendida por micro-ônibus. Quando o ônibus lota e vai embora, uma nova fila já está se formando.
“Às vezes, a gente fica 40 minutos aqui esperando, meia hora e colocaram um grandão, mas sumiu. Eu peguei umas duas vezes só. Esse grandão ajudava muito.”
Dona Liana é empregada doméstica. Ela pega três conduções para chegar ao trabalho.
“Eu me canso mais no trânsito do que no meu trabalho. No meu trabalho, é mole. Mas quando eu chego aqui para pegar o ônibus, eu chego cansada em casa. Quarenta minutos em pé. Empurra-empurra. Tem que ter sandalinha ortopédica. Eu chego em casa morta.”
Ônibus lotado no Rio
Reprodução/TV Globo
No Centro do Rio, a reportagem esteve no ponto final do 104, que faz o trajeto São Conrado-Rodoviária. Ele voltou, mas a passageira reclama.
“Caindo aos pedaços, sem ar-condicionado. É sempre assim. Demora muito.”
O sucateamento da frota é objeto de mais de 200 ações coletivas movidas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ).
Na Zona Norte, a linha 922, que faz o trajeto Tubiacanga, na Ilha do Governador, e Fundão, parece um ônibus-fantasma.
“Quando chega certo horário já não tem mais. Lá pelas 4 e pouca, 5 horas, quem chega para pegar para Tubiacanga já não tem.”
A Prefeitura do Rio admite que os consórcios não cumpriram neste primeiro ano 100% da operação planejada.
Algumas linhas operaram abaixo dos 80% da quilometragem determinada. Outras, não climatizaram a frota.
Com isso, as empresas receberam R$ 430 milhões de subsidio da prefeitura, e não R$ 530 milhões como estava previsto.
O Rio Ônibus — sindicato das empresas — disse que os problemas atualmente são pontuais e serão sanados.
“Já foram comprados mais de 400 ônibus, 75% da frota já está com ar-condicionado e outros problemas pontuais estão sendo identificados para serem trabalhados. Estamos em contato constante com a Secretaria de Transporte para tentar soluções para os problemas que restam”, disse Paulo Valente, porta-voz da Rio Ônibus.
O promotor do MPRJ que acompanha o acordo judicial diz que o serviço só vai melhorar quando for instalada a bilhetagem eletrônica. E a Prefeitura vai saber o valor total que as empresas recebem de passagem.
A bilhetagem começa em julho pelo BRT e depois, segue para as linhas convencionais.
“Quem contabiliza a tarifa que é paga pelo usuário para andar de ônibus é o próprio prestador de serviço. E agora a concessionaria. E agora com a nova bilhetagem, isso vai sair da mão deles. Vai ser possível uma transparência que jamais houve na forma de prestação de serviço de ônibus no Rio”, explica Rodrigo Terra.
O que diz a Secretaria Municipal de Transportes
A Secretaria Municipal de Transportes não quis gravar entrevista, mas disse que monitora via GPS a operação de cada linha e as que não cumprem o combinado, não recebem o subsídio.
Disse ainda que o planejamento da operação é revisado todo mês e que mais linhas podem ser criadas ou retomadas.
Sobre a conservação dos veículos, a secretaria afirma que fiscaliza os ônibus nas ruas e nas garagens e que autua as empresas em caso de irregularidades.

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